O dia começou estranho. O ventilador que fazia sua função e girava, a cada período completo rangia, talvez por falta de óleo. Os dois cobertores jogados ao chão e um sentimento de vazio. Levanto-me da cama e vejo que não é um dia comum. Não que este fosse destinado a isso, mas algo estava muito fora de sua posição. Fui ao banheiro, escovei os dentes e lavei o rosto. Ao me olhar no espelho pensei: "Nossa, em uma noite parece que envelheci cinco anos". Por quê não sou mais aquele garoto assustado de outrora, que via tudo com deslumbre e fascínio? Será o mundo que resolveu se revelar em mim hoje? Será que temos uma idade, um dia certo para ver tudo de forma diferente?
Sabia que o dia era pra ser um típico feriado de meio de semana. Aquele que tem cara de domingo, que tem gosto de domingo, que dá ansia em pensar em recomeçar tudo no dia seguinte. Mas sabia também que este domingo inventado seria destinado a muito esforço. Talvez por isso toda essa desfascinação e falta de vontade passou por mim.
Sentei na minha mesa, e comecei a olhar as notícias do dia, ao mesmo tempo que um cachorro (provavelmente morto de fome) não parava de latir. Na rua, nenhum carro passava. Era muito fácil ouvi-los, e até distinguir se era uma moto, um carro velho, um carro mais novo ou talvez um caminhão. Mas nada...
O dia estava monótono. Terminei de olhar as notícias e comecei a fazer o que me era destinado. E dessa maneira foi por umas cinco horas, só interrompido pelo meu desjejum do meio-dia. Um almoço onde a comida não tinha sal, a bebida não matava a sede e a conta não foi barata. Esse é um dos grandes problemas de não se ter gosto para cozinhar, tudo vira mais caro.
Poderia ter tirado o dia para aprender a cozinhar algo ousado, ou parado para correr na rua, ou ainda sair para me divertir, mas hoje... hoje é um dia que não é como outro qualquer, hoje é um feriado de meio de semana.
O dia já se foi, a escuridão apareceu, e tudo que me vem à cabeça é que amanhã tenho uma segunda-feira brava.
1 comentários:
22 de abril de 2010 às 16:42
Feriado de fim de meio de semana é como se fosse um hiato na vida. Não se começa, nem se termina nada.
Sobrevive-se.
Quem sabe aprendendo a cozinhar a vida não fica mais "gostosa" nestes dias?
Outros feriados virão.
Quer um livro de receitas?
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